Resumo | Esta tese faz uso do conceito de "gênero cinematográfico" recusando o viés textualista, essencialista, a-histórico e transcultural da crítica genérica tradicional, mas optando por compreender os gêneros como categorias discursivas determinadas social e historicamente e resultantes de um contexto cultural específico. Abordando o gênero em relação ao cinema nacional, a metodologia empreendida valoriza a recepção para a compreensão do gênero, investigando os diferentes discursos associados à circulação tanto de filmes brasileiros quanto estrangeiros no Brasil e colocando em relevo os processos de redefinição dos gêneros, como ilustrado através da análise específica da chanchada. Tendo como principal objeto de estudo o filme policial no cinema do Brasil, a tese destaca o caráter polissêmico e variável do termo, assim como a contínua presença de termos genéricos concorrentes. Desse modo, a investigação sobre o filme policial no Brasil entre 1915 e 1951 abarca dos seriados do cinema silencioso aos "films de gangsters" e "films de underworld" do início do sonoro; da voga do gênero policial na literatura e no rádio-teatro brasileiros até a emergência de dramas de suspense e policiais semi-documentários - exemplares do hoje chamado cinema noir - no contexto de realismo do cinema do pós-guerra. |