Resumo | O documentário Doutores da Alegria - o filme (2005), de Mara Mourão, nas versões para cinema e TV, permite que se observe dois fenômenos fundamentais, na contemporaneidade, para pensar a figura do palhaço: 1) a desconstrução do picadeiro do circo como espaço primordial de performance; 2) os processos de performatividade como transformadores da função social do palhaçar. No primeiro caso, trabalha-se o conceito de performance, do medievalista Paul Zumthor, a partir de duas categorias básicas que o filme de Mara Mourão deixa entrever - o registro da perfomance e a encenação da performance; no segundo, o conceito de performatividade, que temn origem no sociólogo George Yudice, permite discutir como a ONG Doutores da Alegria amplia a função social do palhaço através da estratégias de midiatização. Por meio dos dois conceitos, observa-se que a transformação do arquétipo do palhaço tornou ambíguo o ofício de palhaçar na sociedade. Assim como o espsço midiático desmaterializou o picadeiro, também alterou a função simbólica do palhaço ao deixá-lo sem um território próprio. O picadeiro agora parace estar inscrito em seu próprio corpo na medida que sua perfomance se adapta a ambiência que tem entorno ao palhaçar. Por isso, a perfomace de palhaços como os Doutores da Alegria molda-se em teatralidade e temporalidades que nascem de uma negociação com o ambiente em que estão inseridos. A partir destas constatações, foram elaboradas categorias que permitem examinar as versões do documentário segundo o prisma performativo do intrínseco e do extrínseco. |