Resumo | O aumento da população idosa nas sociedades contemporâneas tem fomentado reflexões sobre as transformações e demandas produzidas nos diversos níveis sociais. A consideração da velhice a partir de modelos teóricos fundamentados numa concepção individualista da subjetividade, apresenta limitações para uma compreensão do fenômeno do envelhecimento em toda sua significação existencial. Esta tese analisa as imagens da velhice construídas em quatro obras da cinematografia brasileira, em duas épocas distintas, comparando os diferentes modos de representação do processo de envelhecimento a partir de uma perspectiva fenomenológica, apresenta uma reflexão sobre as formas de ser-no-mundo-como-o-outro do idoso propondo uma avaliação crítica de valores que regulam o projeto de ocupação produtivista da cotidianidade contemporânea. O cinema, como expressão artistica e registro histórico-cultural, reproduz os modos de relacionar-se dos indivíduos, assim como, os valores morais, as crenças, as perspectivas e as representações acerca dos diversos grupos sociais. A comparação entre as quatro obras selecionadas, produzidas no Brasil, entre as décadas de 1970 e 2000, apontam, ainda que discretamente para uma mudança nas formas de representação da velhice na sociedade brasileira, refletindo, através de seus personagens, as transformações sociais relacionadas ao aumento da longevidade e ao envelhecimento populacional. |