Resumo | A tese propõe uma reflexão sobre a relação entre sujeito e linguagem a partir da obra do cineasta dinamarquês Carl Theodor Dreyer (1889-1968). Após a revisão crítica das estratégias de interpretação que caracterizam a abordagem de sua obra, analisa a violência discursiva e a força performática da linguagem presentes em seus filmes – 14 longas-metragens de ficção, dos quais 9 são do período do cinema mudo e 5 sonoros. Mostra que, embora se mantenha dentro dos limites de uma narratividade límpida, Dreyer faz do cinema uma arte que não cessou de problematizar o homem como corpo falante, que arrisca o seu destino e a própria vida na linguagem. Por trás da heterodoxia estilística e da variedade de temas e épocas que seus filmes retratam, Dreyer enfoca insistentemente esse encontro desencontrado entre corpos e palavras. A tese situa sua filmografia na passagem do cinema mudo ao sonoro, este frequentemente celebrado como progresso técnico-estético, que acabou por reforçar o encobrimento da disjunção sujeito-palavra, corpo-voz.[...] |