Resumo | A tese visa a comparar e analisar o material bruto de Santo forte com o filme lançado comercialmente para - por meio do estudo do processo de realização do documentário, das seleções e articulações de imagens e depoimentos - identificar o traço autoral de Eduardo Coutinho, sua metodologia (baseada na entrevista) e sua ética (voltada tanto para o "ator social", no sentido de preservar a imagem da pessoa e do personagem criado, quanto para o espectador, no sentido de explicitar no próprio filme sua forma de construção). Coutinho, ao escolher os participantes de seus filmes, leva em consideração a capacidade que a pessoa tem de contar bem suas histórias - capacidade essa que lhe permitirá criar personagens interessantes para seus filmes. Se por um lado, os participantes devem "atuar com propriedade" para a câmera, por outro, cabe a Coutinho estimular essa atuação. Para isso, o cineasta se vale de algumas estratégias para a realização das entrevistas: começa a entrevista naturalmente, tratando de temas gerais ou partindo de assuntos que possa ter em comum com o participante; fisicamente, fica próximo de seu interlocutor; não se prende a um roteiro de perguntas e, com isso, deixa o participante falar à vontade; procura os momentos apropriados para retomar os assuntos que julga ser mais interessantes; conta com pessoas na equipe que já tiveram contato com o participante; não deixa de responder um questionamento feito pelo personagem e nem entra em confronto com ele. |