Resumo | O trabalho ora apresentado constrói uma interpretação da geografia das salas de cinema contemporâneas do município de São Paulo. Desde seu estabelecimento enquanto equipamento de lazer e cultura, o cinema desempenhou fundamental papel na produção e reprodução do espaço urbano paulistano, engendrando, em diferentes momentos, distintos significados sociais e diversas formas de sociabilidades. Em anos recentes, especialmente no decorrer das décadas de 1990 e 2000, o mercado exibidor cinematográfico paulistano foi modelado por pelo menos dois equipamentos, deveras distintos entre si: os cinemas multiplex, comumente localizado em shopping-centers, pertencentes a grandes redes empresariais, e os cinemas voltados para uma programação alternativa ou de arte, via de regra instalados em vias públicas ou em galerias, fomentando uma apropriação do espaço que podemos alcunhar de territorialidade. Considerando tal constructo social, o objetivo primordial foi analisar o significado das salas de cinema, as ações e apropriações desenvolvidas por seus freqüentadores, na e para a (re)produção do espaço urbano paulistano a partir da década de 1990, elaborando, para tanto, uma compreensão teórico-conceitual embasada nas concepções de redes geográficas e nas territorialidades decorrentes de apropriações espaciais. A proposta epistemológica foi criar um amalgama complexo, que não mitigasse nem a relevância dos fatores culturais, interpretativos e apropriativos, causa e conseqüência dos cinemas, tampouco desconsiderasse a estruturação e as motivações econômicas dos agentes que coordenam a organização destes equipamentos. Crê-se, nesse sentido, que o trabalho, apresentando e refletindo acerca de um dos mais importantes elementos de lazer e cultura existentes no município de São Paulo, possa subsidiar uma crítica densificada de fenômenos e processos responsáveis, em grande medida, pela produção do espaço urbano contemporâneo e seus signbificados sociais. |