Resumo | Por meio de um estudo comparado entre os filmes sobre a cultura popular realizados por Geraldo Sarno e Jorge Prelorán na segunda metade da década de 60, busca-se identificar como é construído o "outro" no documentário. O estudo também dá pistas sobre a postura da esquerda e dos intelectuais à época e sobre que imagens da cultura popular emanam do "outro" nessas obras. Defende-se que a construção do "outro" se efetiva a partir da estratégia fílmica, do olhar do realizador e da interação entre o realizador e o outro. Esses elementos são conformados pelos contextos social e histórico, de um lado, e pelas opções formais e estéticas de cunho pessoal, de outro. Discute-se a história do documentário e as estratégias fílmicas que influenciaram o chamado de Cinema Nuevo Latinoamericano, movimento cinematográfico no qual Sarno e Prelorán são inseridos. Decompõe-se unidades narrativas, visuais e sonoras de um conjunto de documetários, para apreender como significados ganham inteligibilidade e que concepção do outro é construída. Conclui-se que o outro é construído como personagem no seu encontro com o cineasta, por uma troca de saberes negociada. Como personagem, o outro será reconstruído novamente na montagem, pelo olhar do realizador. Hermógenes Cayo é apontado como um exemplo e de lição de atitude ética por parte do documentarista. |