Resumo | Para analisar a evolução da relação das salas de cinema com o espaço urbano em São Paulo, esta pesquisa pressupõe que tal vinculação - entre o edificado (sua arquitetura) e a situação em que está inserido (o urbano) - remete a uma idéia de cidade. O estudo busca apurar os diferentes papéis das salas de cinema no espaço urbano. Aprecia inicialmente a passagem da exibição móvel para a fixa, edificada, e posteriormente traça os vários papéis das salas de cinema à medida que dispersam e se diferenciam, sempre discorrendo sobre as alterações na relação do urbano com as salas. Nesta trajetória, podemos observar que sua localização - antes em lugares de chão batido, improvisados, quase "fora da cidade" - passa a fazer parte de projetos e planos para a metrópole, alcançando assim o papel privilegiado que o cinema adquiriria no novo modo de vida cosmopolita. Ao examinar tal relação, esse trabalho mostra que as salas de cinema são frequentemente projetadas e situadas não apenas para atender a uma necessidade urbana, mas para criar um cenário urbano. No casod e São Paulo, parecem às vezes (principalmente entre 1900 e 1930) satisfazer a um desejo de cenário urbano que simbolizasse progresso e civilização, distanciando-se do rural; em outros momentos (especialmente de 1930 a 1960), representavam um espaço urbano que buscava se distinguir não mais do campo, mas da cidade provinciana, no processo de construção de um modo de vida cosmopolita. |