Resumo | O cinema brasileiro independente parece estar tomando novamente tomando a rota do desenvolvimento. O trajeto inclui novas formas de produção, circulação e consumo dos bens, serviços e atividades culturais, fortemente impulsionados pela incidência das novas tecnologias de informação e comunicação. Nos últimos 10 anos, vários fatores podem ser apontados como propulsores do desenvolvimento do segmento: o amadurecimento e crescimento das políticas públicas para o setor; mudanças no ambiente regulatório; a ampla difusão de tecnologias de digitais de captação de imagem e som; e a eclosão de coletivos que empregam formas diferenciadas de criação e produção de obras cinematográficas. Diante desse contexto, o estudo busca analisar essas formas de produção e os aspectos definidores de sua existência. Para tanto, utiliza um aporte teórico que permite a delimitação de um campo epistemológico da economia da cultura, mais precisamente do audiovisual, analisando também a visão de desenvolvimento que tem orientado a ação do Estado no setor. O que é o cinema independente no Brasil? Que filiações estéticas, políticas e econômicas encerra? Além disso, propõe uma virada na chave interpretativa da economia da cultura na tentativa de inverter algumas perspectivas de análise e valoração do segmento cultural. Ao partir desse ponto de vista, propõe uma análise sobre as políticas públicas para o cinema e o audiovisual brasileiros contemplando sua história e as questões políticas que a ela se relacionam, com maior ênfase a partir de 2006, ano de criação do Fundo Setorial do Audiovisual. Por fim, apresenta o resultado de uma pesquisa de campo, realizada com quatro produtoras de audiovisual, de diferentes regiões do país, originadas de coletivos e grupo criativos, a fim de mapear as formas de agrupamento, realização cinematográfica e de funcionamento, bem como as relações de mútua influência entre aqueles e a institucionalidade do segmento. A tese é de que essas formas espontâneas de realização, nascidas de condições marginais de produção e circulação das obras, baseadas no afeto e na partilha, são fontes de inovação para o setor, mas acabam por forçosamente se ajustar às condições hegemônicas impostas pelo ambiente institucional e mercadológico, em maior ou menor grau. |